sábado, 6 de agosto de 2011

A soma da química de uma união entre Daniel Tavares e o deputado é igual a Agnelo Queiroz

Este blog, em 23 de julho passado, postou a matéria “Por onde anda a “bomba”, capaz de explodir o governo de Agnelo Queiroz?” (Leia Aqui), que comentava a reportagem da revista Veja “O perigo estava bem ao lado”, sobre a descoberta do “chantagista” Daniel Almeida Tavares, que havia sido lotado na Administração de Brasília, numa armação governamental para escondê-lo e garantir o seu silêncio.
Tão logo descoberta a lotação de Daniel, o governador Agnelo Queiroz, que diz ser sua “vítima”, o exonerou do cargo. Para explicar a sua nomeação, José Messias de Souza (PcdoB), administrador de Brasília, disse, à Veja, que “convidou” Daniel a pedido de um deputado, cujo o nome não recordava-se. O BrasiliaemOFF, então, tratou de memorizá-lo e apontou o nome do deputado federal. Tratava-se de Geraldo Thadeu (PPS-MG). Dissemos que ele havia empregado em seu gabinete, além de Daniel, o seu irmão Cláudio Almeida Tavares e a sua esposa Rosângela Batista Tavares. Cláudio nega que teria trabalhado para o deputado.
Nesta, semana a revista Época revela as ligações do deputado Thadeu com a empresa União Química, doadora da campanha do candidato Agnelo Queiroz com 300 mil reais. Por sua vez, a revista aponta que Daniel foi assessor do deputado e depois lobbista da empresa. E foi como lobbista da empresa, que Daniel se aproximou do então diretor da ANVISA, Agnelo Queiroz.
O “chantagista” Daniel Almeida Tavares alega que possui provas contundentes contra Agnelo Queiroz. São recibos de depósitos e uma susposta filmagem, que registram “propinas” ofertadas ao governador petista. Em nossa matéria, apontamos que o clube de futebol Ceilândia foi patrocinado pela União Química, em 2010, no exato período que o PT decidia, em prévias, quem seria o seu candidato ao governo do Distrito Federal, se Agnelo ou Magela. O presidente do clube é o atual administrador Regional de Ceilândia, Aridelson .Almeida, que à época, era o secretário-geral do diretório regional do PT. Tudo leva a crê,  que o Ari da Ceilândia foi preponderante em despejar votos para o companheiro Agnelo Queiroz, o vencedor das prévias.
Hoje, Agnelo Queiroz está no Buriti, Aridelson na administração de Ceilândia, Messias de Souza na administração de Brasília, Geraldo Thadeu na Câmara Federal. Quanto a Daniel, ninguém mais  sabe de seu paradeiro, após as sua estranha exoneração do GDF...

Acompanhe a reportagem da revista Época, na íntegra:


O deputado e o laboratório


Este parlamentar defende os interesses de uma empresa farmacêutica no Congresso. Em troca já recebeu doações, carros emprestados

Andrei Meireles e Marcelo Rocha


CAUSA
O deputado Geraldo Thadeu, na Câmara. Ele é do PPS,
 mas vai mudar para o PSD. Sua principal
fidelidade é a um empresário amigo

Que os políticos pouco se preocupam com fidelidade partidária, todo mundo sabe. O comportamento-padrão da maioria é pautar-se prioritariamente por interesses particulares ou corporativistas. Isso ocorreu em maio na votação do Código Florestal, quando deputados da bancada ruralista ignoraram a vontade do governo e dos partidos e seguiram a orientação da “categoria”. Algumas relações, porém, ultrapassam o mero interesse de classe. Esse parece ser o caso do deputado federal mineiro Geraldo Thadeu, um ex-tucano que hoje está filiado ao pós-comunista PPS, mas já assinou o ato de criação do PSD, o partido que está sendo montado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Atos, decisões, declarações e até doações dadas e recebidas por Thadeu sugerem que sua fidelidade maior é a um grupo empresarial comandado pelo empresário Fernando Marques, dono do laboratório União Química Farmacêutica.
Numa atitude classificada como ilegal por procuradores da República, Thadeu cedeu a Fernando Marques cerca de R$ 100 mil da cota de passagens aéreas que a Câmara lhe dá para o exercício do mandato parlamentar. Tudo pago com dinheiro público. Cópias de bilhetes, vouchers e planilha de gastos comprovam o uso indevido das passagens no Brasil e no exterior. Isso ocorreu entre 2006 e 2008. Além de Marques, foram beneficiados outros funcionários da União Química. Um deles, Daniel Tavares, entregou a documentação à reportagem.
Tavares foi assessor parlamentar de Thadeu. Ele diz que o deputado o escalou para ficar à disposição de Marques toda vez que o empresário desembarcasse em Brasília. Tavares se aproximou tanto de Marques que acabou trocando de emprego. Virou assessor do empresário na União Química, a quem acompanhava em audiências públicas, uma delas com o presidente Lula. No começo do ano passado, Tavares saiu brigado da empresa. Não quis dizer o porquê.
Daniel Tavares faz mais acusações. Ele garante que participou da entrega de duas picapes importadas para o deputado Thadeu. Diz que foi uma retribuição de Fernando Marques à cota de passagens doada pelo parlamentar. Diz ainda, sem apresentar provas, que fez vários pagamentos a Thadeu a pedido de Fernando Marques.
ÉPOCA ouviu o deputado Thadeu. Primeiro ele tentou negar a doação das passagens. Informado sobre os comprovantes, disse que, como não havia regras claras, podia fazer o que quisesse com sua cota. Sobre as picapes, negou que os veículos tivessem sido registrados em seu nome. “Mas é comum político receber carros emprestados.” Com relação ao recebimento de dinheiro, afirmou que é mentira de Tavares. Segundo ele, Fernando Marques o ajudava apenas em campanhas eleitorais. Na prestação de contas que apresentou à Justiça em 2010, Thadeu informou que recebeu R$ 406 mil de três empresas de Marques. É quase metade de todas as doações declaradas. “O Fernando me ajuda porque é meu amigo há mais de 30 anos. Mas nunca me pediu nada, e eu nunca usei o mandato para ajudar suas empresas”, afirma.
De acordo com Daniel Tavares, a realidade é outra. Ele diz que Geraldo Thadeu se empenhou em ajudar o empresário amigo a conseguir licenças ambientais para a construção de uma fábrica de medicamentos em Brasília. Segundo ele, o deputado chegou a levar Marques a uma audiência com o então ministro da Integração Regional, Ciro Gomes, em busca de apoio: “É verdade, eu fui. Mas meu interesse foi apenas ajudar no desenvolvimento de Brasília”. Fernando Marques não respondeu aos pedidos de entrevista até o fechamento desta reportagem.
“É comum político receber carros emprestados”,
diz Thadeu sobre a acusação de ter recebido duas picapes

Atualmente, o deputado Thadeu atua para modificar um projeto aprovado pelo Senado que autoriza a produção e venda de medicamentos genéricos para animais. Se tiver sucesso, a mudança vai beneficiar a Agener União Saúde Animal, divisão veterinária da União Química. Seu propósito é derrubar a exigência de um teste de resíduo. Trata-se de um exame que identifica quanto tempo o medicamento fica no tecido muscular do animal. O objetivo é evitar riscos para a saúde humana.
Com outros deputados, Thadeu participou de uma reunião com representantes de laboratórios para articular uma estratégia de votação. Foi até o Ministério da Agricultura para defender mudança da posição do governo. Em todas as reuniões, ele e seu principal aliado nessa empreitada, o deputado César Halum (PPS-TO), reproduzem um argumento usado pelos laboratórios: esses testes já foram feitos em outros países e sua reprodução no Brasil só encareceria os produtos. Para eles, basta comprovar que o genérico veterinário é igual ao original, o que pode ser feito num teste de bioequivalência. “Quem insiste na defesa dos testes de resíduos está fazendo o jogo das multinacionais que detêm as patentes ”, afirmam, em coro, Thadeu e César Halum.
Para a professora Silvana Gorniak, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, é preciso fazer todos os testes. “O problema no Brasil não é oferta de produtos, mas a falta de controle”, diz. Em novembro, o Senado decidiu incluir no projeto a exigência de teste de resíduo a pedido do governo, com base num parecer do Ministério da Agricultura. O projeto sobre os genéricos veterinários está na pauta da Câmara, com previsão para ser votado nas próximas semanas. Segundo o ministério, os testes de resíduos em medicamentos genéricos para animais que fornecem alimentos para consumo humano serão exigidos, estando previstos ou não em lei. A pasta teria competência legal para isso, e o Brasil é obrigado a fazer os testes em razão de compromissos internacionais.
Com um pé no PPS e outro no PSD, não se sabe em que partido político Thadeu vai militar. A única certeza é sua fidelidade ao empresário Fernando Marques.

PROVA
Cópia de uma passagem emitida pelo deputado Geraldo Thadeu em nome de
 Daniel Tavares, que na época atuava na União Química























FONTE: Revista Época

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