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Panfleto do dep. Paulo Tadeu, em 2009
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Paulo Tadeu, a Majestade, sabia...
Brasília, 26 de abril de 2011
A arrogância tem sido a tônica dos homens de Paulo Tadeu nas diferentes esferas de governo, particulamente na Coordenadoria de Cidades. Bem ao estillo do chefe, quando este disputava espaço na Câmara Legislativa, o subsecretário de serviços públicos, Pasen Asad Nimer é o cão de guarda do Órgão. Por ele, passam todos assuntos relacionados às feiras públicas do Distrito Federal. Insensível e avesso a críticas, vem tendo, em diversas ocasiões, momentos de fúria contra quem insistir no debate ou mesmo se contrapor às suas determinações. Não tem discussão. O episódio ocorrido na Torre de TV, no último dia 08, quando disparou palavras ofensivas contra o presidente da Associação dos Artesãos da Feira, o senhor Nicanor Farias, foi só uma pitada do seu estilo destemperado.
Pasen, talvez, desconheça o sofrimento dos diversos feirantes, que se sacrificam para manter um negócio de grande utilidade e importância para a população. Esquece que essas pessoas por muitos anos foram massacradas e que tiveram seus direitos dizimados pelos governos anteriores. Os feirantes do Shopping Popular de Brasília não deixam dúvidas disso. Foram vítimas do governo Arruda e Rosso, que nada fizeram contra o senhor Caio Donato, que mandou e desmandou no local. Ao contrário, o acobertavam.
Na Audiência Pública, realizada na Câmara Legislativa, mês passado, que discutiu a transferência dos artesãos para a nova feira, os responsáveis da Coordenadoria de Cidades não compareceram e se quer mandaram representante, evidenciando um total desprezo com as centenas de artesãos que lá estiveram. Um deboche.
A decisão de transferir os artesãos para a nova Feira da Torre, a qualquer custo, para um lugar inóspito e em desacordo com os projetos originais, já está tomada e deve ter aplicação imediata, não tendo mais nada a tratar.
O Secretário de Governo Paulo Tadeu, numa atitude típica de um Rei do jogo de xadrez, vem se escondendo do debate e se mantendo alheio aos apelos dos súditos artesãos. Porém, orientando e coordenando, de seu gabinete, as ações de seus subordinados da Coordenadoria de Cidades. No comando, seguindo os ensinamentos de um general, manda os seus homens irem para a linha de tiro. No entanto, sem garantias da destreza de seus peões em movimentarem a torre, pode tornar-se a primeira peça do tabuleiro a ser abatida.
A verdade é que Paulo Tadeu já foi pedra e como pedra se jogou no telhado do Palácio que hoje ocupa. Como deputado distrital foi panfletário. Enfrentou os governantes de então. Subiu nos palanques improvisados e discursou para platéias esperançosas. Votou com o povo. Sempre se arvorou em criar CPIs, visando à abertura das inúmeras caixas-pretas escondidas nos porões do GDF. Não titubeou quando os direitos dos cidadãos estavam ameaçados. Como sindicalista, sem medo, colocava o dedo em riste na cara de policiais, em defesa de seus liderados. Paulo Tadeu construiu uma trajetória política digna de arrebatar os melhores votos do Distrito Federal, um voto de qualidade. Sempre foi bem votado, ou o mais votado pelas melhores consciências de um povo que não aguentava mais anos de desmandos e de governantes arrogantes e corruptos. Foram essas consciências que o colocaram no lugar onde está. Ele semeou sonhos aos desesperados.
O panfleto, acima, indica que a Majestade sabia dos problemas enfrentados pelos artesãos em relação a transferência da feira, pois foi escrito pelo deputado-panfletário e não pelo deputado-secretário, onde pode lançar toda sua indignação contra o governo Arruda, que naqueles dias de desgoverno tentava expulsar, a ferro e fogo, os artesãos da Torre do lugar onde estão, e despencá-los, ladeira abaixo, até os latões amontoados em cores de arruda, erguidos ao custo de 18 milhões de reais retirados dos cofres públicos.
É, Paulo Tadeu, como bem disse ao Arruda, no panfletinho distribuído fartamente para os pobres artesãos, “durante a campanha eleitoral o discurso era outro”. É verdade, o seu discurso era outro! Mas Vossa Majestade se comprometeu com os artesãos que a feira permaneceria no local... citou até a Lei nº 1.328, de autoria do seu colega de partido, o deputado Wasny de Roure, hoje líder de seu governo na CLDF, que assegura a permanência dos artesãos no local. São suas palavras, Paulo Tadeu... e a categoria obedecendo a sua liderança, o seu chamado se manteve mobilizada e continua mobilizada até hoje, porque Vossa Majestade pormeteu dar suporte e apoio à luta.
Mesmo lhe contrariando, os artesãos continuam mobilizados e prontos para a guerra contra o “inimigo”, usando as mesmas palavras-armas de seu assessor Pasen Asad e torpedeadas contra o representante da categoria: “Eu não gosto do senhor, o senhor é meu inimigo”.
Agora Majestade, como voce está em "um novo caminho", os artesãos continuarão no mesmo caminho que eles sempre trilharam, lutando para remover as pesadas pedras que os impedem de seguirem adiante.


Artigo produzido pela Equipe do Brasília em OFF
(http://brasiliaemoff.blogspot.com/)


Brasília, em crise, comemora 51 anos

Quinta, 21 de abril de 2011
E Brasília faz hoje 51 anos, sem rumo, sem prumo e com poucas perspectivas de achar o seu original caminho. Mudanças em termos de autoridades do governo, incluídos aí os deputados distritais, só de alguns (alguns) nomes. Mudou o governador, mas o orçamento de obras, principalmente, continua sob o comando de figuras que surgiram do rorizismo e se sevaram politicamente no arrudismo. Muito movimento, muita conversa, arruma pra lá, arruma pra cá, mas a casa nada de ficar arrumada.
 
A saúde continua a desabar, inclusive no que diz respeito a tetos de hospitais; a segurança permanece uma insegurança só, inclusive com a nefasta influência de grupos políticos manipulando setores da secretaria o que, inclusive, resultou na saída do secretário de Segurança Pública; na educação nada ou quase nada mudou, havendo até a inusitada “desconvocação” de 1.500 professores chamados pelo mesmo governo; as ruas continuam tomadas pelo mato, salvando-se apenas espasmódicas operações de capinagem aqui e acolá; o transporte público cada vez mais caótico. O metrô é um verdadeiro pifa-pifa, todo dia pifando.
 
Mas tem uma coisa boa. A festa dos 51 anos da cidade na Esplanada dos Ministérios. Consome mais de R$7 milhões, equiparando-se em valores ao que o ex-governador do mensalão queimava no tempo dele (e que os que hoje estão no governo ferozmente combatiam). É muito dinheiro que deixou de ser aplicado, por exemplo, na saúde.
 
Mas Brasília algum dia ainda encontra o seu caminho. Nem que para isso tenha que passar mais 51 anos.
Por Taciano do Blog Gama Livre

Paz nas Escolas - artigo de Cristovam Buarque no jornal O Globo (23/04/20111)

O assassinato brutal de 12 crianças em uma escola em Realengo não afetará o PIB de 2011. Por isso, corremos o risco de um fato tão grave ser esquecido dentro de pouco tempo, como aconteceu com o assassinato de seis crianças em Luziânia, Goiás, em 2010. Isso porque ainda estamos presos à economia e ao imediatismo. Quando ocorre um crime como o de Realengo, a busca pela segurança prevalece sobre a ideia da paz. Desde essa tragédia, surgiram várias propostas para evitar a violência nas escolas: muros, detectores de metal. Mas não são solução para formar as futuras gerações que governarão o País. Mesmo para garantir a segurança imediata é preciso ter a perspectiva da paz, no médio e longo prazo. E para isso, devemos entender melhor o problema da violência nas escolas.

A sociedade brasileira é violenta, e é difícil imaginar uma escola em paz cercada pelo tráfico, pelo assassinato de crianças, por lares violentos. Existe ainda a violência da miséria convivendo com a riqueza, ainda mais em uma sociedade permissiva e que não pune a violência que se espalha diariamente.

É preciso lembrar que nos últimos cinco anos foram assassinadas mais de 10 mil crianças, que muitos outros milhares morreram por falta de cuidados. E que há uma violência aceita com naturalidade: o vandalismo na escola, das cadeiras quebradas, dos prédios degradados por atos de alunos ou pela omissão de governantes; o desrespeito ao professor; o bullying generalizado. A construção da paz depende de uma mudança cultural, mas também de leis que estimulem o respeito pela escola e a punição de todos os crimes: dos assassinos em massa aos vândalos.

Um dos passos é criar no MEC um setor educacional dedicado à segurança, sob a ótica da paz. Para construir um pacto dentro da sala de aula, envolvendo professores, alunos, pais e servidores, e proteger os arredores da escola, usando a capacidade e a competência dos policiais. A escola passa a ser pacífica por dentro, e protegida de forma invisível por fora. Projeto nesse sentido está no Senado desde 2008, é o PLS 191.

Isso não basta, pois a violência não existe apenas na escola, afeta milhões de crianças que não têm um setor público federal que tome conta delas: uma Agência (Secretaria Presidencial) Nacional de Proteção à Criança e ao Adolescente. Como já existem para jovens, afro-descendentes, mulheres, índios. Um Projeto de Lei nesse sentido foi apresentado ao Senado há quase seis anos. Cinco dias depois da tragédia de Realengo, a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados mandou arquivar, porque ele envolvia algum custo. Foi aprovada a criação de um ministério para cuidar das pequenas e médias empresas, mas falta dinheiro para cuidar dos pequenos e médios brasileiros.

Também está tramitando no Senado o PLS 518/2009, que propõe concentrar a ação do MEC na educação de base. Nem é preciso criar um novo ministério, as universidades podem ser bem cuidadas pelo Ministério de Ciência e Tecnologia.

Ajudaria a trazer paz às escolas o PLS 480/2007, pelo qual seria falta de decoro um político eleito proteger seus filhos em escolas privadas, abandonando as públicas para os filhos dos seus eleitores. Esse também está engavetado na Comissão de Constituição e Justiça.

Cabe lembrar que a paz na escola só virá se tivermos escolas com qualidade. Só temos um caminho: criar uma carreira nacional do magistério básico e um programa federal de qualidade escolar em horário integral. Projeto para ambos tramita no Senado desde 2008.

Finalmente, é preciso implantar o cartão federal de acompanhamento de toda criança, desde o nascimento, ou mesmo antes, desde a gestação, como o MEC iniciou os estudos em 2003.

Depois de assistirmos a tantas mortes, de sabermos que nossas escolas são depredadas e violentadas diariamente, esperemos que a monstruosidade cometida em Realengo desperte a população para a importância de ir além da segurança e construir a paz de que todas as escolas precisam.

Cristovam Buarque é Professor da Universidade de Brasília e Senador pelo PDT/DF

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