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FONTE: Revista Veja
ONDE ESTÁ DANIEL ALMEIDA TAVARES?
Para onde levaram Daniel Almeida Tavares, o homem bomba do governador Agnelo Queiroz? Essa é a pergunta que intriga os brasilienses neste momento. A revista Veja da semana passada revelou a identidade do homem que diz possuir provas contundentes contra o governador Agnelo Queiroz. Segundo a matéria, as provas são comprovantes de depósitos e um vídeo que flagra Agnelo recebendo 40 mil reais, pelos serviços prestados à empresa União Química quando o governador era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
A revista também informou que Daniel desistira de apresentar as provas por se sentir ameaçado pela empresa, já que litigava na Justiça do Trabalho para buscar seus direitos trabalhistas. A desculpa não colou. O jornalista Edson Sombra, já na terça-feira, 19.07, localizou onde o sujeito havia se “escondido” ou onde o “esconderam”.
TRAPALHADA OFICIAL
No Diário Oficial de 31.05.2011, lá estava o nome de Daniel Almeida Tavares, sendo nomeado pelo ainda governador Agnelo Queiroz, para ocupar o cargo de Assessor da Gerência de Orçamento, Acompanhamento e Controle da Diretoria de Obras da Administração de Brasília. Observando o mesmo Diário, a equipe do BrasiliaemOFF encontrou o nome de Rosângela Batista Tavares. O ato que nomeou Rosângela tornou-se sem efeito, abrindo espaço para que Daniel ocupasse o cargo. Mas quem é Rosângela Batista Tavares? Trata-se da esposa de Daniel. Agnelo Queiroz a nomeou por duas vezes para o mesmo cargo. A primeira nomeação de Rosângela se deu em 1º de abril de 2011 e a segunda ocorreu em 09 de maio de 2011. Todas as nomeações tornaram-se infrutíferas já que Rosângela não chegou a tomar posse formalmente no cargo, uma exigência protocolar do serviço público.
Após as revelações bombásticas de Veja e do jornalista Edson Sombra, pode se imaginar que a “bomba” Daniel já rondava há tempos o Palácio do Buriti para atormentar a vida do govenador. Tudo indica que o “artefato” se sentia largado, abandonado e enferrujado tanto quanto as “minas mortíferas dos campos de Angola”. Ele precisava que alguém o resgatasse e o tratasse com delicadeza, sob o risco de explodir, causando uma imensa devastação inimaginável para a imagem do governador.
Sob o risco iminente de explosão, o governador correu contra o tempo e convocou os seus intrépidos assessores para resgatar a “bomba” abandonada. Retirá-la do caminho inimigo era o primeiro passo.
OS INTRÉPIDOS SOLDADOS DE AGNELO
Mas quem são os intrépidos assessores de Agnelo, capazes de “morrerem pela ‘pátria’ sem razão”? Bolivar Rocha (foto), Cláudio Monteiro e o delegado Miguel Lucena. Bolivar é o secretário particular de Agnelo desde o ano passado. Atende as ligações do governador. Tem a fama de obedecer o comando do chefe sem pestanejar. Foi cravado pelo todo-poderoso Paulo Tadeu; Cláudio Monteiro, agente da polícia civil e ex-deputado, é o chefe de gabinete. Ocupou o mesmo cargo no Ministério dos Esportes quando Agnelo era o ministro. Também o assessorou na ANVISA. Tem a característica de agir silenciosamente. Monteiro é tão importante no “tabuleiro” de Agnelo, que foi designado para ser o chefe da Copa de 2014 em Brasília; Miguel Lucena, delegado aposentado da Polícia Civil, ocupa hoje a presidência da CODEPLAN, berço dos escândalos da Caixa de Pandora. Paraibano e cordelista foi o tesoureiro da campanha de Agnelo. Conseguiu arrecadar mais de 10 milhões de reais. É o braço policial de Agnelo, o que o torna o principal informante do governador. Lucena já serviu a vários governadores, mas sempre discreto.
Entretanto, falta um personagem: José Messias de Souza (foto), o atual administrador regional de Brasília. O sisudo Messias de Souza é um velho conhecido de Agnelo. A amizade que os une é dos tempos de PCdoB. Chegaram a ser “unha e cane” na direção do partido. Messias tentou em 2010 uma vaga de deputado federal sem sucesso. Gastou mais de 700 mil reais na campanha e só conseguiu parcos 6 mil votos. É amigo íntimo do delegado Miguel Lucena e ex-integrante da banca jurídica do advogado de Agnelo, Luiz Alcoforado.
A OPERAÇÃO ABAFA
Certamente, foi com esse grupo de assessores que o governador Agnelo Queiroz tentou resgatar a “bomba”. Funcionou como uma espécie de “Esquadrão Anti-Bombas”. José Messias de Souza, citado na matéria de Veja desta semana, conseguiu um lugarzinho para esconder a “bomba”. Tomou para si a responsabilidade da nomeação de Daniel, alegando que o convidou por ter sido assessor de um parlamentar, que diz não conhecer. O blog aponta o tal parlamentar para refrescar a memória do administrador comunista. Trata-se do deputado Geraldo Thadeu (foto), do PPS de Minas Gerais, que recebeu igualmente 300 mil reais da União Química para a sua campanha em 2010, o mesmo valor recebido por Agnelo. Thadeu já empregou também em seu gabinete na Câmara Federal a esposa de Daniel, Rosângela, e o seu irmão Cláudio Almeida Tavares. É óbvio que a explicação de Messias de Souza é uma tentativa de despistar as suspeitas sobre o governador e poupá-lo da sangria pública. É história da “carochinha”.
A verdade é que o grupo de Agnelo não soube operar. Não soube desativar a “bomba”. Imaginava que conseguiria esconder o “artefato”, dando-lhe um salário de 1.600 reais e mantendo-lhe em casa, sob o tormento do anonimato. Pior ainda foi a tentativa de apagar as digitais da operação desastrada. O governador ao exonerar Daniel, tão logo veio a público a sua lotação na Administração de Brasília, se auto-incriminou, demonstrando que tinha conhecimento de tudo. Procura agora disfarçar e tenta sair-se vitimado do caso, quando diz que irá processar judicialmente o homem, que por alguns meses tem tido a coragem de salvar o seu mandato à frente do GDF. Daniel talvez tenha medo de revelar suas contundentes provas, temendo ser a próxima vítima . Ele sabe que possui um tesouro em suas mãos. No entanto, tem a noção exata que hoje é um arquivo vivo.
O cerco ao governador Agnelo, cada vez mais, vai se fechando. E a pergunta fica no ar: Para onde levaram Daniel Almeida Tavares?
O time da periferia de Brasília, citada na matéria de Veja, que recebeu patrocínio da União Química, é o Ceilândia Esporte Clube, apelidado de Gato Preto, cujo presidente é o atual administrador de Ceilândia Aridelson de Almeida. Campeão do Candangão de 2010, o Ceilândia tem um histórico de ser utilizado para os fins políticos e pessoais de seus dirigentes. Sérgio Lisboa, o Serjão, que já presidiu o clube, deixou um rombo financeiro, tendo que se ausentar de Brasília por alguns, em razão de ameaças dos seus credores. Hoje, é dirigente do Sobradinho Esporte Clube. No lugar de Serjão, assumiu Ari de Almeida. O discurso usado por Ari tem o viés de "salvador da Pátria". Mas para se tornar o "herói" do clube e saudar parte das dívidas, ele teve que vender, a preço de "banana", o terreno da sede social à empresa MB Engenharia, hoje Brookfield Incorporações. No lugar, a construtora está levantando um conjunto de prédios de apartamentos.
Ari de Almeida |
A família de Ari sempre desempenhou um papel “importante” na história do Ceilândia quando ao lado de Beni Monteiro, o homem forte do clube, resgatou o time do abandono a que foi submetido em 1997. Almir de Almeida, irmão de Aridelson, é o superintendente de futebol e Adelson de Almeida, atualmente treinador do Gama, também irmão, já foi treinador da equipe principal. Beni Monteiro, braço direito de Ari, esteve preso por algumas vezes comercializando terras públicas para formar condomínios irregulares na cidade, como o Por do Sol.
Allan Delon: camisa patrocinada pela empresa UNIÃO QUÍMICA |
Em abril e maio do ano passado, o Ceilândia, no quadrangular final do Candangão, foi a campo tendo no uniforme o patrocínio da União Química (foto de Allan Delon em atividade), a mesma empresa que tem relações íntimas com o governador Agnelo Queiroz.
Ari está na direção regional do PT há mais de 6 anos. Hoje é licenciado da secretaria geral do partido. Tudo indica que ele vendeu caro o seu apoio ao então, apenas, filiado Agnelo Queiroz, que desejava vencer internamente o adversário Geraldo Magela, nas prévias petistas. Ari conseguiu, segundo a nova edição de Veja, que Agnelo intermediasse o apoio institucional da empresa para impulsionar o seu time no campeonato local.
Dimba: Camisa com o patrocínio do Banco BMG |
O BMG operava a partir do comando do publicitário Marcos Valério. Em Brasília, um dos nomes citados no escândalo foi Wilmar Lacerda, atual assessor parlamentar do GDF. O BMG também doou, inexplicavelmente, para a campanha da “companheira” sindicalista da CUT Rejane Guimarães Pitanga o montante de 100 mil reais. Aliás, a deputada Rejane tem parente encravado na Administração de Ceilândia, sob o comando de Aridelson Almeida. Trata-se de Caio Guimarães Pitanga Bastos. Ari pode se considerar um dirigente realizado e de sorte por conseguir levantar bons patrocínios para o seu clube a partir de suas relações políticas.
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