segunda-feira, 11 de julho de 2011

RUGIDOS CONTRADITÓRIOS

A polêmica atuação de uma deputada contraditória. Ao mesmo tempo que cria uma Frente em defesa de posições evangélicas, ela assina requerimento de criação da Frente Parlamentar LGBT, além de ter um passado que a compromete na sua intenção de tornar-se uma liderança de oposição ao governo de Agnelo Queiroz.

Celina Leão: que rumo seguir?
Até agora, a deputada distrital Celina Leão (PMN) (foto) só tem derrapado em seu mandato. Nos primeiros seis meses na Câmara Legislativa, a parlamentar acumulou muitas contradições em relação ao seu posicionamento nas questões políticas, em que se meteu. Por incrível que pareça, ela ainda não definiu qual o rumo a seguir, se na oposição ou no governo do PT. Os seus eleitores ficam atônitos diante de suas posições ora pró-governo ora oposição.

A deputada, no início do mandato, ficou excessivamente exposta na mídia mais em razão de sua beleza, frente às demais parlamentares, do que propriamente em decorrência de suas propostas. Para fugir dessa imagem de miss “loira” do parlamento, Celina ensaiou insurgir-se contra o governo de Agnelo Queiroz, numa clara tentativa de demarcar terreno e assim tentar alçar voos mais altos na política do Distrito Federal. Para isso, fez veementes discursos contra a administração petista. Mas, ao mesmo tempo, vinha mantendo conversações com titulares do governo para abocanhar alguns cargos, notadamente na Secretaria de Cultura, fato ainda não confirmado

Jaqueline e Celina: amigas
Sua ligação com a deputada Jaqueline Roriz, de quem foi chefe de gabinete, provocou um duro golpe contra o seu mandato, o que resultou na abertura de investigação por suspeita de licitações fraudulentas na Administração Regional de Samambaia, envolvendo a empresa de seu cunhado e de seu esposo, bem como de ser acusada de abonar o ponto de servidores fantasmas no gabinete da deputada Jaqueline. Por tais razões, a deputada está sendo alvo de investigação no Ministério Público. Na Câmara, o deputado Chico Vigilante (PT) protocolou representação para investigá-la na Corregedoria da Casa.

Req. 374/2011: Frente Evangélica
Diante da ameaça de perda do seu mandato, Celina Leão dosou as suas críticas ao governo petista, único que poderia salvar-lhe, em razão de ter sob a sua guarda a maioria dos deputados . Para evitar o pior, sumiu, deu um tempo e sucumbiu perante o rolo compressor governista, tanto que a compararam com “gatinha” ao invés de leão. Tal atitude incomodou os seus parcos eleitores e àqueles que achavam que ela se tornaria uma pedra do Novo Caminho de Agnelo. Para desvenciliar-se das ameaças de perda do mandato, aceitou fazer uma troca de seus “rugidos” pelo “afago” do GDF, preferindo compor com a bancada governista e em um dos episódios mais vergonhosos da Câmara Legislativa, neste ano, dividiu a “pizza” encomendada pelo Palácio do Buriti para salvar o mandato do também encrencado deputado Benedito Domingos (PP). À Frente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, incluindo aí o seu desafeto Chico Vigilante e demais membros da Comissão, sepultou as investigações contra o deputado Benedito Domingos. Também, não mais levou adiante a sua determinação de investigar as denúncias que pairam sobre  o mandato de Chico Vigilante, suspeito de receber doações da empresa Engebrás, ligada ao DETRAN-DF e de uma empresa fantasma, a M Brasil.

Req.nº 230/2011: Frente LGBT:
criada com apoio da evangélica
Celina Leão
Hoje, a deputada Celina Leão cumpre tabela. Faz um teatrinho oposionista, “rugindo” aqui e acolá sem maiores consequências para o Governo. Mas, é a sua contradição que mais chama atenção. Em maio passado, foi autora do Requerimento nº 374/2011 (foto), que cria a Frente Parlamentar Evangélica do Distrito Federal, tendo como objetivo de “acompanhar, fiscalizar e buscar mecanismos para que os anseios do público evangélico sejam contemplados por esta Casa de Leis”. Porém, em fevereiro, ela já havia assinado Requerimento nº 230/2011 (foto), que cria a Frente Parlamentar Suprapartidária pela Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e transexuais – LGBT, de autoria da deputada Rejane Pitanga (PT). Isso só expõe a fragilidade de pensamento e atuação da deputada, que ainda não se definiu qual posição que irá defender. Pastores de Igrejas Evangélicas do Distrito Federal, reunidos na última quarta-feira, quando da assinatura do Edital que legaliza os templos religiosos, demonstraram insatisfação e preocupação com o posicionamento dúbio da deputada. Para eles, há um choque inevitável de idéias entre evangélicos e o movimento LGBT e que a parlamentar deve se posicionar claramente, sem pender para os dois lados, pois entendem que os temas são antagônicos.

Assinatura da deputada Celina Leão no
Req.230/2011, que cria a Frente LGBT
Mas, a posição da deputada Celina Leão é perfeitamente compreensível quando se analisa o seu comportamento. Demonstra em certas ocasiões, como no caso da criação das frentes parlamentares, estar bem com todos, gerando incoerência de idéias.  Imaturidade pela inexperiência política. Alguns de seus amigos deputados já até a apelidaram de “Arrudinha” por mentir, chorar e procurar ser íntima de todos, além de ser afoita em alcançar o poder. No caso dos requerimentos de criação das duas Frentes parlamentares a deputada não precisa contradizer os fatos, pois não há que se falar em documentos falsificados, muito menos argumentar que assinou um documento sem ler o conteúdo.

O governo do PT monitora os passos da deputada dia e noite. Ao menor sinal de rebeldia procura expor as suas fraquezas e mazelas de seu passado nos jornais da cidade que tem sob o seu controle. Na semana passada, em represália aos seus duros pronunciamentos no programa do PMN na TV, o Correio Braziliense publicou matéria, que coloca na conta da deputada o fato de o GDF não poder receber recursos federais para projetos na área jovem, em virtude da não prestação de contas da Secretaria de Juventude, quando ela era a titular da pasta no governo de Joaquim Roriz. Pelo visto, as garras da deputada estão nitidamente amarradas pelo nebuloso passado político e administrativo que carrega...

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