quinta-feira, 2 de junho de 2011

VIGILANTE, CAMÕES E METÁFORAS

Ameaçar calar a imprensa, como faz o líder do PT na Câmara, é ação típica de um Estado policialesco. Se ele sair da sua letargia, ouvirá o coro de outro Chico. Pega ladrão, pega...

Amor é fogo que arde sem se ver. Luiz de Camões.
Não vou me calar, vou falar, porque não devo nada a ninguém. Chico Vigilante

O poeta lusitano e o deputado do PT brasiliense têm algo em comum. Manifestam e inspiram metáforas. Este espaço hoje é para isso. Para abordar e apontar uma latente ameaça à liberdade de imprensa na capital da República. Sem metáforas.
Em nota que os mais próximos aliados consideraram intempestiva, o líder do PT na Câmara Legislativa fez lembrar, na quarta-feira 1º de junho, João Batista de Oliveira Figueiredo, aquele general-presidente que esteve de plantão no Palácio do Planalto no último período do regime militar, que ameaçava prender e arrebentar os adversários.
Chico Vigilante, em desabafo postado no blog do Donny Silva, parece vestir a farda do general - que ele diz ter combatido -, ao dirigir, em menos de 24 horas, novos e virulentos ataques à imprensa. São covardes e canalhas que não têm coragem de mostrar a cara, sintetizou o deputado, despejando impropérios contra a equipe do blog Brasiliaemoff, a exemplo do que tinha feito, na véspera, com a direção do Jornal de Brasília.
O deputado, que supostamente merece o respeito dos seus eleitores, bate de frente com a democracia. Acusado de receber para a sua campanha eleitoral uma contribuição de 100 mil reais de uma empresa suspeita, Chico Vigilante sinaliza recorrer ao secretário de Segurança Pública para promover uma investigação criminal. Quer porque quer, como queria Figueiredo, punir seus desafetos.
  
Se o dinheiro foi lícito, que o deputado prove. Aqui ele terá espaço para apresentar sua versão. Mas Chico Vigilante precisa mostrar o que é, ou o que foi. Porque aquele aguerrido defensor das causas populares e combatente implacável dos corruptos, está adormecido.
É notório que o parlamentar, velho aliado de Agnelo Queiroz, tem conhecimento de falcatruas que cercam o governador. Improbidades de ontem e de hoje. Então por que, ao invés de tentar calar a imprensa recorrendo a ações típicas de um Estado policialesco, Chico Vigilante não coloca as cartas na mesa? Por que não abandona a idéia de chamar a polícia e toma a iniciativa de entregar ao Ministério Público as denúncias contra ele e contra seus pares que hoje governam o Distrito Federal?
O deputado, que anda pisando em ovos, precisa saber que o manto negro da censura foi queimado.


Foi-se o tempo em que o Estadão publicava versos em sua capa. Agora é samba. De novo? Chico Vigilante parece pregar uma sociedade alternativa com animais irracionais. Porque, apesar de você ser o que é, urge que as crianças cantem livres a liberdade de expressão. Portanto, Cálice, porque é proibido proibir.
  
O deputado precisa sair da sua letargia e não se vingar da imprensa. Acorda (amor...) prá não dizer que não falei de flores. Se acordar, se abandonar o pesadelo que insiste em construir, ele por certo vai ouvir o grito de pega ladrão, pega ladrão.
Chico Vigilante precisa saber que a imprensa vive de fontes. A mesma imprensa que, livre, não se cansa de cantar podem me prender, podem me bater, que eu não mudo de opinião...

Fonte: José Seabra


SEM COMENTÁRIO DO BRASÍLIA EM OFF

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