O presidente da seção brasiliense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Francisco Caputo, finge que deixou de ser admirador de seu ex-cliente José Roberto Arruda. Para defender o ex-governador, com quem ainda tem contato e articula politicamente, Caputo faz malabarismos verbais, como na entrevista que deu ao Correio Braziliense e hoje à Bandnews, mas não consegue enganar ninguém.
Quando se candidatou à presidência da OAB-DF, em 2009, Caputo fez questão de alardear no site de sua chapa e em seu material de propaganda que tinha o apoio do então governador Arruda e do então presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente. Não explicava que tipo de apoio, pois nem Arruda nem Prudente são advogados. Mas já se sabia que Arruda estava investindo bastante na campanha de Caputo, seu advogado, para ter a OAB-DF sob seu controle.
Assim que se elegeu, Caputo deu uma entrevista ao Correio Braziliense na qual fez rasgados elogios a Arruda, para ele um exemplo de governador, e críticas aos opositores de seu cliente. Poucos dias depois veio a Operação Caixa de Pandora e Caputo se recolheu, fugindo do assunto. Enquanto isso, a então presidente, Estefânia Viveiros, pedia o impeachment de Arruda e Paulo Octavio e participava das mobilizações do movimento Brasília Limpa.
Agora, Caputo quer se aproveitar da excessiva demora do Ministério Público em fazer a denúncia contra Arruda e os demais envolvidos na Caixa de Pandora para defender veladamente o ex-governador. O que, na verdade, é parte de um plano que envolve até mesmo um procurador e um grande empresário da cidade.
Na entrevista de hoje, Caputo insinuou que o Ministério Público não apresentou ainda a denúncia ou porque as provas são insuficientes, ou porque não houve conduta ilícita. Na verdade, uma defesa quase explícita do ex-governador.
Disse ainda que o personagem principal do episódio não é Arruda, mas Durval Barbosa, que está solto e tomando champanhe. Como se Arruda, que chefiou o maior esquema de corrupção já descoberto em Brasília, estivesse preso e tomando água. Aí entra a velha tática de desqualificar o acusador.
Segundo Caputo, as investigações feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal deixaram sob suspeição a cidade inteira. O que é uma tentativa de colocar toda a população no mesmo saco da Pandora e dissolver as responsabilidades. Pois sob suspeição ficaram apenas alguns que se envolveram com o governo Arruda ou eram muito ligados a ele.
Caputo criticou os procuradores dizendo que ou incriminaram inocentes ou estão protegendo criminosos. Inocentes? E fez questão de usar a velha tática de defesa de Arruda: como Durval vinha do governo de Roriz e passou pelo de Abadia, eles é que deveriam ter sido investigados e – segundo ele – não foram.
Em síntese, é a estratégia de defesa de Arruda expressada de outra maneira, mais disfarçada. Caputo dá entrevistas como presidente da OAB-DF, mas ainda fala como advogado de Arruda.
Fonte: Blog do Hélio Doyle (Extraído do Blog do Sombra)
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