segunda-feira, 25 de abril de 2011

Gastança em nome de Cristo

Irmão Lázaro: cachê maior que o de Martinho
da Vila, pago pela Adm. Recanto das Emas
Um verdadeiro festival de recursos públicos para eventos religiosos. As administrações regionais do Distrito Federal não tem poupado recursos públicos para patrocinar apresentações de cunho religioso. Não importa se o evento é evangélico ou católico. A Administração do Paranoá pagou à Talentos Produções Artísticas e Comércio Ltda R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) com a finalidade de contratar banda não especificada para apresentação na “34º Via Sacra do Paranoá – 2011”. A Administração de Sobradinho disponibilizou recursos para viabilizar a “18º Via Sacra de Sobradinho – 2011”, realizada na Quadra 15 – AR 1 de Sobradinho I. Já a administração da pobre cidade do Itapoã pagou a quantia de R$ 199.150,00 (cento e noventa e nove e cento e cinquenta reais) a duas empresas de promoções artísticas para o evento “Cruzada Evangelística”: R$ 70.000,00 (setenta mil reais) para a WD Comunicação Ltda e R$ 129.150,00 (cento e vinte e nome mil e cento e cinquenta reais) para a DF 10 Entretenimentos e Produções Artísticas Ltda. Não mencionamos ainda, os gatos com a famosa Via Sacra de Planaltina, será um capítulo à parte.
Inusitado mesmo foi o cachê pago pela Administração do Recanto das Emas ao Irmão Lázaro, ex-integrante do Olodum baiano. O contrato firmado e intermediado com a suspeita JB Produções e Eventos Ltda-ME, teve o valor fixado em R$ 100.000,00 (cem mil reais) redondos e sem choro, para apresentação no evento “Canta Recanto-2011”, em março deste ano. O cantor gospel, que gravou apenas sete discos na carreira, teve o seu passe valorizado e pago pelo GDF muito mais que o renomado cantor Martinho da Vila, que, “coitado”, recebeu apenas R$ 92.600,00 (noventa e dois mil e seiscentos reais) de cachê para cantar nas comemorações do 51º aniversário de Brasília. A Banda Monobloco, do Rio de Janeiro, também foi desvalorizada e o cachê pago ficou na cifra de R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais). Triste mesmo foram os cachês pagos aos músicos do Móveis Coloniais de Acaju,  da cantora Célia Porto e do bandolinista Hamilton de Holanda, que receberam 15 mil reais, 12 mil reais e 30 mil reais, respectivamente, para subirem no palco do aniversário de Brasília na última quinta-feira.
A administradora do Recanto das Emas, Izaudete Carneiro De Souza Abrantes, não tem mesmo parâmetro  quanto ao valor artístico cultural e muito menos compaixão quando se trata do dinheiro do contribuinte. Para participarem do mesmo evento “Canta Recanto-2011”, contratou as desconhecidas bandas gospel Renovo e Ministério Clóvis Ribeiro por R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
A derrama do dinheiro público precisa ser investigada. Tem muito “promoter” se passando por Cristo para faturar o dinheiro do contribuinte, isso sem falar em desvios de recursos pelos superfaturamentos dos cachês de cantores de qualidade duvidosa. O ralo está aberto porque todos os contratos foram firmados sob a égide da inexigibilidade de licitação, prevista na lei 8.666/93, um prato cheio para a gastança do dinheiro público.

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