quarta-feira, 20 de abril de 2011

As peripécias dos Guerner

 
PF prende Deborah Guerner

Os desdobramentos da Operação Caixa de Pandora continuam provocando escândalos no DF: a promotora de Justiça Deborah Guerner e o marido Jorge Guerner foram presos nesta manhã.

O procurador regional da República Ronaldo Albo denunciou Deborah, o marido e um psiquiatra renomado de São Paulo que a teria orientado sobre como mentir em entrevista com a Junta Médica do Ministério Público do DF para ser reconhecida sua incapacidade para o trabalho. Isso teria configurado obstrução da Justiça.

O pedido de prisão foi deferido na semana passada pelo desembargador Antônio Prudente, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, relator das ações penais contra Deborah e o ex-procurador-geral de Justiça do DF Leonardo Bandarra.

Além disso, Ronaldo Albo vem investigando suposta tentativa de Deborah se mudar para a Itália e fugir das denúncias de que vem sendo acusada: concussão, formação de quadrilha e vazamento de informações sigilosas em troca de dinheiro.

Loucura perigosa
Durante as investigações contra Deborah Guerner, servidores da Justiça bateram na casa da promotora no Lago Sul para entregar uma intimação.

Eles entraram com o documento na mão e tomaram um susto. A promotora começou a gritar. O escândalo constrangeu os servidores que até então não sabiam que Deborah Guerner sempre dá escândalos quando é confrontada.

Deborah Guerner caiu no chão. Estava de roupão com uma camisola fina por baixo. Supostamente desmaiou.

Um dos servidores tentou reanimá-la. Ela repetia que não queria morrer. O batimento cardíaco era normal e a pressão sanguínea também (12 por 8), segundo atestou um aparelho de medição fornecido pela empregada da casa.

Deborah Guerner sempre fez de tudo para demonstrar a insanidade que usa como estratégia de defesa.

Foi, assim, por exemplo, no dia de seu julgamento no processo administrativo disciplinar que responde no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Deborah chegou acompanhada do marido, Jorge Guerner, com um tailleur curto, sandália de salto alto, maquiada, com jóias. Quando o plenário estava cheio de jornalistas, promotores e advogados, ela saiu.

Do lado de fora, deu um chilique, até que foi contida por seguranças e pelo marido que a levou embora. Do lado de dentro, os conselheiro ouviam os gritos.

Deborah Guerner está de licença médica desde a Operação Caixa de Pandora. Alega insanidade mental e incapacidade para o trabalho.

Se ela fosse considerada doida, poderia se aposentar por invalidez e ficaria livre do processo administrativo disciplinar que responde no CNMP. Poderia também alegar insanidade nos processos judiciais.
A estratégia de defesa, no entanto, acabou provocando um revés. Ela foi parar na prisão justamente por insistir na loucura. A acusação é de que tentou fraudar exame de insanidade mental.

Num dos vídeos encontrados na casa de Deborah, num cofre camuflado, o Ministério Público Federal viu como um psiquiatra dava aulas à promotora para que parecesse maluca.

Quem a conheceu antes da Pandora, no entanto, conta que Deborah sempre teve um temperamento explosivo.

Em 2006, ela não aparentava loucura quando participou de reuniões no gabinete do então procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra, em que se discutiu um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para dividir o milionário contrato de lixo do DF.
O TAC nunca foi aceito por promotores de Justiça. No governo do DF, dizia-se na época que seria, sim, aceito pelo Ministério Público porque teria sido elaborado pela promotora Deborah Guerner, amiga de Bandarra.

O acordo, rejeitado pelo MP, previa a entrega de um contrato milionário para que a empresa WRJ Engenharia construísse o aterro sanitário do DF, sem passar por licitação. O acordo não deu certo porque o promotor Ivaldo Lemos Júnior, da Promotoria de Defesa do Patrimônio, e outros colegas foram contra.

Os donos da WRJ, segundo acredita o Ministério Público do DF, Renato e Roberto Cortopassi, foram sócios do marido de Deborah Guerner, Jorge Guerner.

Na investigação sobre Deborah, o MP Federal fez uma busca e apreensão na WRJ e encontrou contratos de gaveta que demonstrariam um suposto pagamento de propina a Joaquim Roriz e seus familiares, graças a um empréstimo do BRB para a construção do residencial Monet, em Águas Claras.

No DF, tudo parece ter uma conexão.

Por isso, se Deborah Guerner resolver, como Durval Barbosa, fazer uma delação premiada... Muita coisa pode acontecer.



 Fonte: Blog da Ana Maria Campos

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