quinta-feira, 14 de julho de 2011

Pacientes reclamam que situação está precária em Taguatinga

SAÚDE PÚBLICA

QUESTÃO DIFÍCIL DE RESOLVER


foto: Rafaela Felicciano
No Hospital Regional, a reportagem do JBr encontrou pessoas que denunciam a internação em espaços sem qualquer estrutura
As medidas tomadas até agora pelo GDF não foram suficientes para resolver os problemas na rede pública de saúde. A maioria dos brasilienses que depende do atendimento tem sempre uma reclamação a fazer. Atendendo a um “convite” de um de seus leitores, a reportagem do Jornal de Brasília esteve no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e, no papel de visitante, viu de perto as condições de centenas de pacientes que buscam atendimento na unidade.

Ao entrar na emergência, nossa equipe mal conseguiu passar pelos espaços apertados entre as inúmeras macas que acomodam os pacientes. São dezenas delas, grudadas umas nas outras. Ao lado, em uma espécie de sala de apoio, mais pacientes se aglomeram encostados nas paredes. Muitos estavam em macas, mas outros estavam sentados em bancos de madeira segurando os próprios soros.

Outro incômodo, tanto para quem visita como para quem está internado ou de acompanhante do paciente, é a falta de organização, gerada pela ausência de estrutura e de espaço. No mesmo ambiente se misturam pacientes de todas as idades e todas as doenças.
No único banheiro do setor não existem portas. Para usá-lo, é preciso improvisar uma cortina com lençóis. Com isso, muitos familiares preferem não dar banho no paciente, com medo de pegar alguma infecção. Em nota, o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) afirma que o Pronto-Socorro está passando por reformas e isso estaria causando transtornos. De acordo com o hospital, o número de pacientes na emergência passa de cem, no entanto a capacidade é para 47 leitos.

Sobre o banheiro, informou que depois da reforma feita no local foram colocadas cortinas de plástico, que foram roubadas. Quanto aos maus-tratos afirma que “casos denunciados e encaminhados à ouvidoria são apurados e instaurados processos de sindicância. A secretaria ainda esclarece que todos os servidores que ingressam na rede passam por acolhimento, sendo capacitados”.


Dor e muito desespero

A equipe do JBr entrou para visitar um paciente que precisa passar por cirurgia cardíaca. No entanto, é impossível não conhecer a história do doente que está ao lado ou na frente. E ao puxar assunto com uma mulher que aguarda por uma consulta com o pneumologista, ela mal consegue explicar sua situação. Emocionada, só pedia para não ser abandonada. “Façam alguma coisa por mim, por favor. Eu não consigo respirar. Aqui não cabe mais ninguém”, desabafa a paciente.

Ela preferiu não ser identificada. Tem medo que possam retardar ainda mais seu diagnóstico. Internada desde a última sexta-feira, na segunda-feira ela contou que não conseguia se alimentar devido às dores e à insuficiência respiratória. “Eles precisam dizer o que eu tenho, mas eles só sabem dizer que estão avaliando”, reclama.

Para a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, esta realidade não é um problema só da capital. Por falta de um modelo de atenção primária à saúde, a população estaria condicionada a procurar os hospitais como meio de resolução de todos os problemas. Segundo o sub-secretário de Atendimento à Saúde, Ivan Castelli, apenas 17% do DF, hoje, tem este tipo de suporte. “É um erro considerar o hospital uma resposta. Precisamos evitar as doenças e tratar destas pessoas antes elas apareçam, com o Programa Saúde da Família e o auxílio dos postos de saúde. Todas as emergências vivem superlotadas e isso é no Brasil inteiro”, avalia.

Outro problema, segundo Castelli, é a burocratização da máquina pública. Para exemplificar, o sub-secretário mostra o caso das licitações. Em novembro de 2010 foi aberto processo para nomeação de aprovados em concursos. No entanto, oito meses depois, ainda não foi concluído. Com o deficit de profissionais, sobrecarga para os servidores que estão na rede. “O governo quer colocar 400 equipes do Saúde da Família para dar este suporte, mas enquanto isso não acontece vamos ter esse problema e as queixas das emergências”, conta.

Mas, apesar disto, Ivan Castelli garante que não há motivos para descontar nos pacientes as adversidades. “Temos o Plano de Humanização e no treinamento é explicado como um paciente deve ser tratado, com atenção e cuidado”, lembra.

Fonte: Jornal de Brasília

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