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José Dirceu e Agnelo Queiroz, sob o olhar de Rui Falcão: seria uma aliança a favor de Brasília? |
O governador Agnelo Queiroz, que desde o primeiro dia de seu mandato vem demonstrando que não sabe governar, tenta dissipar uma nuvem negra que ronda a sua cabeça. Devido às inúmeras denúncias que pesam contra a sua pessoa, de uns tempos pra cá vem dando sinais claros de que pretende reagir à possibilidade de deixar o poder bem antes de 2014. O periódico Correio Braziliense antecipa em uma de suas páginas a notícia de que Swedenberger do Nascimento Barbosa, o Berger, viria a assumir a pasta da Casa Civil, que seria novamente ativada. Em seguida, o governador Agnelo Queiroz confirma a informação. Para quem não sabe, Berger foi uma importante peça na gestão do ex-governador Cristovam Buarque, quando pode comandar as ações de governo com “mão de ferro”. Tem luz própria e não gosta de dividir atribuições. A tendência é que crie atritos com o titular da Secretaria de Governo, que deverá ficar com a "articulação política".
A intenção de Agnelo, ao nomear Berger, não é dar eficiência ao seu combalido governo, mas simplesmente ganhar fôlego e sobrevida junto ao PT Nacional, haja vista que a sua situação política encontra-se muito delicada. A adesão à corrente majoritária petista “Construindo Um Novo Brasil”, comandada pelo ex-ministro José Dirceu, tem o condão de aproximar-se do grupo do ex-presidente Lula e, assim, proteger-se de um possível abalo mais fragoroso em seu Poder à frente do GDF. Também fica nítido que ele está cedendo e se tornando cada vez mais refém de pessoas que possam lançar-lhe um “bote salva-vidas” na hora de um possível afogamento, mas que exigem lealdade e compromisso.
Neste momento, o papel de José Dirceu está sendo sacramental. Ele viu na fragilidade do governador um motivo para dar as cartas e galgar mais espaço no governo local. Ainda no ano passado, conseguiu emplacar Wilmar Lacerda na Secretaria de Administração, Denilson Bento na Educação e, por último, elevou um nome de sua confiança para a presidência do BRB. Trata-se de Jacques Pena, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-presidente da Fundação Banco do Brasil. A posse de Pena foi bastante concorrida a tal ponto de reunir políticos poderosos da elite petista como o ex-tesoureito do partido Delúbio Soares e o presidente nacional do PT, Rui Falcão. Dirceu passou os últimos meses articulando nos bastidores, dentro de um quarto de hotel, a tomada de Poder distrital e, aparentemente, parece que está conseguindo atingir o seu objetivo. Há notícias de que ele e o seu grupo "namoram" importantes processos licitatórios para cravar no GDF empresas de confiança. Na empreitada, o ex-ministro de Lula tem o apoio do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que não só avalizou a operação "salva-vidas de Agnelo", como sugeriu e liberou Berger para cumprir a missão que interessa a todo o grupo.
O problema de Agnelo Queiroz está na velha máxima: “de nada adianta cobrir um santo e descobrir o outro”. A estratégia política é um tanto delicada, pois poderá causar fissuras na estrutura de seu governo e de suas próprias relações políticas, acarretando insatisfações a pessoas que foram fiéis ao governador nesse tortuoso “Novo Caminho”, e que optaram segui-lo até então. Caso se sintam prejudicados com a redivisão do Poder, os “abandonados” poderão romper com seus imperiosos silêncios sobre “assuntos nada republicanos”.
O plano de Agnelo tem tudo para dar certo, faltando apenas combinar com o Ministério Público, a Justiça, a presidenta Dilma Rousseff e, principalmente, o seu secretário de Governo, deputado Paulo Tadeu, que a cada dia vem perdendo o Poder na esfera de governo e sobre o próprio Agnelo.